Em meio ao turbilhão de notícias e à velocidade com que o mundo absorve cada informação, a partida do Papa Francisco revela uma triste e urgente realidade: perdemos a capacidade de simplesmente parar e honrar a dor. Antes, os velórios eram longas vigílias que permitiam aos enlutados sentir, refletir e compartilhar a saudade de quem se foi. Hoje, a pressa em definir sucessores e retomar a rotina faz com que o luto se torne fugaz, muitas vezes resumido a encontros que nem sequer duram um dia ou ultrapassam cinco horas úteis.
Onde está o luto? Essa pergunta ecoa de forma contundente, clamando por um resgate da nossa humanidade. Em vez de permitir que a dor se transforme em memória e aprendizado, a sociedade insiste em enterrar a tristeza tão rapidamente que acabamos esquecendo a importância do silêncio e do respeito necessários para uma despedida digna. A imediaticidade, que antes era combustível para reflexões profundas, hoje nos obriga a seguir adiante sem dar tempo para o coração processar a perda.
Que possamos, mesmo diante de tanta pressa, encontrar um espaço para pausar e vivenciar de forma plena o poder do luto, transformando-o em um gesto de amor e de respeito à vida que se foi.