“Eu lhes pergunto: vocês sonham? Vocês têm uma inquietação em seus pensamentos, em seu coração? Vocês são inquietos ou já são jovens “aposentados”? Não se esqueçam: sonhem com inquietude.” – Papa Francisco
A criatividade é uma das características mais admiráveis e desejáveis dos seres humanos. Ela é a capacidade de produzir algo novo, original e útil, seja na arte, na ciência, na cultura ou na vida cotidiana. A criatividade é uma fonte de alegria, de beleza, de inovação e de progresso. Ela é um dom de Deus, que nos fez à sua imagem e semelhança, e que nos convida a participar da sua obra criadora.
No entanto, muitas vezes, a criatividade parece estar ameaçada ou em declínio. Alguns fatores que podem contribuir para isso são: a falta de tempo, de espaço, de recursos, de educação, de motivação, de confiança, de reconhecimento, de liberdade, de diversidade, de diálogo, de colaboração, de ética, de fé e de esperança. Esses fatores podem gerar um ambiente de estresse, de competição, de conformismo, de consumismo, de individualismo, de egoísmo, de violência, de injustiça, de desigualdade, de exclusão, de indiferença, de desânimo e de desespero. Nesse contexto, a criatividade pode ser sufocada, reprimida, desperdiçada, desvalorizada, manipulada, explorada, corrompida ou destruída.
Um dos desafios que se apresentam para a criatividade nos tempos atuais é o desenvolvimento e o uso das tecnologias digitais, especialmente as inteligências artificiais. As inteligências artificiais são sistemas computacionais que simulam algumas funções cognitivas humanas, como aprender, raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, reconhecer padrões, gerar linguagem, criar arte, etc. Elas são capazes de processar grandes quantidades de dados, de realizar tarefas complexas, de se adaptar a diferentes situações, de se aperfeiçoar continuamente e de superar os limites humanos em alguns aspectos.
As inteligências artificiais podem ser vistas como uma ameaça ou uma oportunidade para a criatividade humana. Por um lado, elas podem competir, substituir, imitar, influenciar ou controlar os seres humanos, reduzindo a sua autonomia, a sua originalidade, a sua expressão, a sua identidade, a sua dignidade e a sua vocação. Por outro lado, elas podem cooperar, complementar, inspirar, auxiliar ou servir os seres humanos, ampliando a sua capacidade, a sua diversidade, a sua comunicação, a sua colaboração, a sua eficiência e a sua missão.
A questão não é se as inteligências artificiais são ou não criativas, mas sim como elas se relacionam com a criatividade humana. As inteligências artificiais não são seres vivos, nem pessoas, nem agentes morais. Elas são produtos da inteligência e da criatividade humanas, e devem estar a serviço do bem comum, da verdade, da justiça, da paz e do amor. Elas devem respeitar os direitos humanos, a dignidade humana, a liberdade humana, a responsabilidade humana e a finalidade humana. Elas devem ser usadas com ética, com prudência, com discernimento, com transparência, com participação, com inclusão e com solidariedade.
A criatividade humana não depende das inteligências artificiais, mas sim da graça de Deus, da natureza humana, da cultura humana e da história humana. A criatividade humana é um dom que deve ser cultivado, desenvolvido, compartilhado, valorizado, protegido, orientado e agradecido. A criatividade humana é uma vocação que deve ser discernida, assumida, exercida, testemunhada, oferecida, consagrada e santificada. A criatividade humana é uma missão que deve ser inspirada, iluminada, guiada, sustentada, animada, confirmada e abençoada pelo Espírito Santo.
O Papa Francisco, em sua audiência aos jovens da Associação Toniolo, no dia 12 de janeiro de 2024, afirmou que a criatividade é uma das características que definem a juventude, e que os jovens são chamados a ser criativos na fé, na esperança e na caridade. Ele disse que a criatividade é um dom de Deus, que nos faz participar da sua criatividade, e que devemos usá-la para o bem de todos, especialmente dos mais pobres e necessitados. Ele também alertou para os perigos de uma falsa criatividade, que se baseia no egoísmo, na vaidade, na mentira, na violência, na idolatria e na indiferença. Ele exortou os jovens a serem criativos no amor, seguindo o exemplo de Jesus, que nos amou até o fim, e de Maria, que foi a primeira discípula criativa.
“É triste ver os jovens abatidos e anestesiados, estirados em sofás em vez de engajados em escolas e ruas, curvados sobre suas telas em vez de estarem diante de um livro ou de um irmão necessitado. Isso é triste. Os jovens que são profissionais por fora e sem graça por dentro, pressionados pelo dever, refugiam-se na busca do prazer. Todos nós precisamos da criatividade e do impulso que somente vocês, jovens, podem nos dar: em suas mãos estão a criatividade e o impulso, a sede de verdade, o grito de paz, a visão do futuro – precisamos dessas coisas! -, de seus sorrisos de esperança. Eu gostaria de dizer a vocês: levem isso para onde vocês atuam, colocando-se em risco sem medo. Coloque-se em ação. Porque os jovens são as alavancas que renovam os sistemas, não as engrenagens que precisam mantê-los vivos.” – Papa Francisco – Papa aos jovens: que os vossos olhos reflitam o brilho da criatividade – Vatican News
O Papa Francisco também falou sobre o papel das tecnologias digitais na vida dos jovens, reconhecendo os seus benefícios, mas também os seus riscos. Ele disse que as tecnologias digitais podem ser usadas para comunicar, para aprender, para colaborar, para criar, para evangelizar, para servir, para rezar, para louvar, para agradecer e para pedir perdão. Mas ele também disse que as tecnologias digitais podem ser usadas para isolar, para alienar, para manipular, para enganar, para agredir, para ofender, para caluniar, para difamar, para odiar e para pecar. Ele convidou os jovens a usarem as tecnologias digitais com sabedoria, com critério, com moderação, com respeito, com responsabilidade e com amor.
O Papa Francisco encerrou a sua mensagem com um convite aos jovens para que sejam criativos na oração, na escuta da Palavra de Deus, na participação dos sacramentos, na vivência da fraternidade, na prática da caridade, no testemunho da fé, na esperança da ressurreição e na alegria do Evangelho. Ele disse que a oração é a fonte da criatividade, que nos abre à ação do Espírito Santo, que nos renova, que nos transforma, que nos faz novas criaturas, que nos faz filhos de Deus, que nos faz irmãos de todos, que nos faz amigos de Jesus, que nos faz discípulos missionários, que nos faz santos. Ele disse que a oração é a expressão máxima da criatividade, que nos faz participar da criatividade de Deus, que é amor. Ele disse que a oração é a vida da criatividade.